Crítica: Malvino Salvador sempre faz os mesmos papéis em novelas

Por Jean Pierry Oliveira


Malvino Salvador: bom ator, nos mesmos papéis na TV
Foto: Divulgação

Um dos principais galãs globais, o manauara Malvino Salvador atualmente pode ser visto na novela “Haja Coração”, às 19h00, na “Rede Globo”. Porém se você tem a sensação ou já teve a impressão de ter visto Apolo – seu personagem – em outras novelas, você não está enganado. Nem maluco. Apesar de talentoso, o artista passa a impressão de sempre estar num mesmo papel.

Sua estreia aconteceu em 2004 com o bruto Tobias de “Cabocla”, um homem do campo, porém rude, com traços bem másculos e um coração bom. Seu coadjuvante chamou a atenção do telespectador e o ator galgou espaços dentro da emissora. Tanto que em  2005 já apareceu como co-protagonista em “Alma Gêmea”, depois veio “O Profeta”, “Sete Pecados”, “A Favorita”, “Caras & Bocas”, “Fina Estampa”, “Guerra dos Sexos” e “Amor à Vida”, até chegar no seu personagem atual. Em todas estas acima listadas, fosse como mocinho ou como vilão, as características se repetiam:  homens machistas ou brutos, que se apaixonam ou desagregam amores, tem cara de mau, exalam sex appeal, às vezes lutam e em outras brigam. Com algumas exceções aqui e acolá de acordo com a temporalidade de cada folhetim , porém no geral sempre esbarram na mesma tipificação.

Tobias (Malvino Salvador) em "Cabocla": primeiro papel na Globo
Foto: Gianne Carvalho/TV Globo
Em Haja Coração, vemos mais uma vez ele no papel de mocinho envolvido numa disputa com Beto (João Baldasserini) pelo amor de Tancinha (Mariana Ximenes), que cultiva um lado meio machista, muito em função do meio automobilístico em que vive na história, mas que deságua na máxima de que “os brutos também amam”, toda vez que declara seu amor pela estabanada feirante. Talvez você diga que esses esteriótipos sejam mais arraigados nos autores e diretores que o escalam do que no artista em si. Sim, pode ser verdade. Contudo, o ator por diversas vezes pega-se nas mesmas feições e trejeitos em seus trabalhos e isso confere um “q” de “vale a pena ver de novo” no ar.

Compromete o seu trabalho? Nem tanto, haja visto o séquito de fãs e carisma que o mesmo detém perante os fãs e demais admiradores de seu ofício. Mas como processo criativo se faz com diversidade, talvez esteja na hora de Malvino Salvador distanciar-se um pouco desses rótulos que lhe cabem (ou couberam) e siga os passos de amigos de trabalho como Marcos Pasquim, Humberto Martins e José Mayer, por exemplo, que deram um 360º graus na profissão e foram além dos limites impostos. A televisão (e o público) agradecem.

Apolo de "Haja Coração": seu atual papel é parecido com os demais
Foto: Fabiano Battaglin/Gshow

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