Crítica: “Êta mundo bom!” prova que o público ainda gosta dos bons mocinhos

Por Jean Pierry Oliveira



Candinho: personagem conquistou o público e a crítica com seu jeito
Foto: Divulgação 

Seja pela dissimulação, situações criadas, charme, deboche ou isso tudo é certo que nos últimos anos os personagens antagonistas – também conhecidos como vilões/vilãs – ganharam um espaço cativo no coração (ou na TV) dos telespectadores brasileiros. Para muitos trata-se de um estranho fenômeno onde a inversão de valores acaba mais prestigiada do que as boas práticas. Mas afinal, não somos tão bonzinhos o tempo todo também né?

Indagações ou reflexões à parte, se tem um personagem que mostra a total aversão diante desse cenário – e para nós mesmos – de que nem tudo está perdido (ou subvertido) é Candinho (Sérgio Guizé) de “Êta mundo bom!”. Inspirado na obra de Cândido, do filósofo francês Voltaire, o autor Walcyr Carrasco criou um tipo completamente caricato ou nonsense, também fruto de uma homenagem ao lendário Mazzaropi, que não fosse pelo talento e primazia do ator que o interpreta, certamente, teria dado errado. Ou caminhado para outros lugares.

Candinho (Sérgio Guizé) e o burro Policarpo em "Êta mundo bom!"
Foto: Divulgação/Ramon Vasconcelos/TV Globo

Assistir a novela das 18hrs da “Rede Globo” e não torcer pelo caipira é uma tarefa muito difícil. Numa trama onde a demarcação do bem e do mal é claramente perceptível e assumido por cada um dos personagens, Candinho fica ainda mais “indefeso” diante dos malfeitores que o perseguem, assim como também cria esse ambiente para todos aqueles que o cercam como sua mãe Anastácia (Eliane Giardini), Professor Pancrácio (Marco Nanini), o pequeno Pirulito (JP Rufino) e até para o burro Policarpo, por exemplo. Até a apagada Filomena (Débora Falabela) parece ganhar mais graça quando está com ele. Com o lema “tudo que acontece de ruim na vida da gente, é para melhorar”, Candinho trouxe consigo não apenas uma mensagem de esperança para os demais personagens mas, sobretudo, também para seus espectadores que enxergam nele uma bondade perdida ou difícil de se encontrar, nos atribulados e congestionados dias de hoje.


Aliado a uma boa comédia, característica de Carrasco no horário das seis, e um elenco onde é difícil encontrar erros, “Êta mundo bom!” arrebata no ibope diariamente, com médias superiores aos 30 pontos (no RJ e SP), quebrando recordes atrás de recordes. Isso prova que o folhetim clássico, onde torcemos pelos mocinhos e odiamos os vilões/vilãs ainda são os melhores enredos para se apostar. Com tanta coisa ruim fora da ficção, talvez isso indique que ao ligar a televisão o público espere um pouco mais de escapismo (sair da realidade), buscando algo ou alguém como Candinho que lhes dê um pouco mais de otimismo para encarar o mundo aqui fora.

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