Crítica: “Sol Nascente” faz uma estreia mediana e não convence com "japonês ocidental"

Por Jean Pierry Oliveira



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Com a responsabilidade de prosseguir registrando altos índices como os deixados por “Êta mundo bom!”, estreou nesta última segunda feira (29) a nova novela das 18h00, “Sol Nascente”. Como toda novela de Walther Negrão – dessa vez acompanhado ainda de Suzana Pires e Júlio Fischer na autoria – o folhetim tem uma pegada solar, praiana, como já acostumou-se os telespectadores que assistem suas novelas. Com um capítulo que, diferentemente do habitual, não “correu” para apresentar seus personagens e histórias num primeiro capítulo a trama dividiu-se basicamente nas histórias das tradicionais famílias Tanaka e De Angeli.

Luís Melo como Tanaka: ator não convenceu telespectadores e gera polêmica
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Sobre isso, vale destacar o casal Geppina (Aracy Balabanian) e Gaetano (Francisco Cuoco), que são os típicos “nonos” (avós) da Itália e que foram tipicamente construídos em cima das características natas a esse povo: falar alto, gesticulando a todo tempo e com fartos talentos culinários. Nada de novo, porém um núcleo agradável. Entretanto, o que não se resume a características mas a puro esteriótipo – e uma polêmica – é o japonês do ator Luís Melo. Responsável pelo personagem Tanaka, o ator ocidental dividiu opiniões e suscitou muitas críticas de telespectadores e também da imensa colônia japonesa no Brasil, ainda que o capítulo tenha deixado claro que ele é mestiço e seu pai era americano. Mesmo que tenha muitos outros atores genuinamente com raízes nipônicas presentes na trama, essa singularidade foi uma bola fora dos autores e direção da novela, pois perderam a oportunidade de visibilizar e ofertar possibilidades de um ator legitimamente oriental interpretar o papel, longe de esteriótipos que “orientize” um ator que não tem ligações japonesas.

Aliás, o autor Negrão ainda tentou justificar dizendo que “não encontrou atores orientais para o papel”, porém isso não cabe. O Brasil possui a maior comunidade de japoneses fora do Japão no mundo. Será que essa dificuldade se justifica? Voltando ao capítulo, vimos ainda uma Giovanna Antonelli e um Bruno Gagliasso bem sintonizados, com a “química” perfeita para fisgar o público com o romance entre amigos de infância, repetidamente enfatizada pelos personagens nas cenas, como quem buscava deixar claro que da amizade surgirá um amor. Letícia Spiller, Henri Castelli e Marcelo Novaes pouco apareceram, mas prometem se destacar.

Bruno Gagliasso e Giovanna Antonelli: atores formaram um belo par
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Com uma abertura meio “californiana” ao som de Roberta Campos, fotografia e cenários bem enquadrados e um elenco seguro, Sol Nascente fez uma estreia morna ou “água com açúcar”, onde terá mais responsabilidade em nos fazer acreditar que pode transformar um ocidental em oriental, do que repetir o ibope de sua antecessora. 

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