Crítica: “Sol Nascente” melhorou no fim, mas termina como começou: sem novidades

Por Jean Pierry Oliveira

Alice (Giovanna Antonelli) e Mário (Bruno Gagliasso): protagonistas sem carisma
Foto: Carol Caminha/Gshow

Excepcionalmente chega ao fim nesta terça feira (21/03) a novela “Sol Nascente”. Escrita por Walther Negrão (por apenas 24 capítulos, em virtude de problemas de saúde), Suzana Pires e Júlio Fischer, o folhetim das seis não empolgou como se esperava.

Com um elenco recheado de bons atores e protagonizado por dois populares artistas –Giovanna Antonelli e Bruno Gagliasso – tudo parecia meio insosso, lento e sem maiores novidades. Desde o começo que a trama chama a atenção. Nem sempre boas. Quem não se lembra da polêmica escalação de Luís Mello (ocidental) para fazer um papel oriental? Diversas críticas foram suscitadas pela falta de representatividade da emissora em escalar um ator típico de terras japonesas. Porém, passada essa questão, o fato é que a divisão colonial entre Japoneses e Italianos não agregou muito a trama. Por diversas vezes dava-se a impressão de que seus respectivos núcleos serviam apenas para povoar a tela e reproduzir mais uma infinidade de particularidades desses povos – diversas vezes já explorados em outras produções – com todos os seus típicos trejeitos, culinária, cultura e vestuários.

Além disso, o casal Mário (Bruno Gagliasso) e Alice (Giovanna Antonelli) não cativaram como gostaríamos. Ainda que tivessem a particularidade de serem mocinhos (nem tão mocinhos assim, na verdade) longe da perfeição, o que trazia mais verossimilhança diante de suas falhas e imperfeições, isso ficou para trás diante de tantas idas e vindas do amor de adolescentes. Além disso, como não se irritar com Alice tentando ser alertada por quase 100 capítulos por Mário sobre a má índole de César (Rafael Cardoso), nunca acreditada, até o bendito dia em que Chica (Tatiana Tibúrcio) tem uma visão sobre o atentado no barco que vitimara a empresária? Teste de paciência mal ludibriada. Por falar em Chica, o núcleo caiçara de “Sol Nascente” também não foi muito bem explorado (ou explicado) e alguns personagens foram mera alegorias no ar.

Laura Cardoso fez de sua Sinhá a melhor personagem de "Sol Nascente"
Foto: TV Globo

Mas nem tudo foi tão ruim. Laura Cardoso – brilhante atriz – foi a que conferiu a melhor personagem da história ao dar a sua Sinhá um ar vilanesco de HQ’s, com suas dissimulações em prol de ruir a vida pessoal e financeira de Tanaka e seu império pesqueiro. Também vale destacar que, apesar de ser o mais experiente do trio de autores, foi com a saída repentina de Negrão e as mexidas praticadas por Suzana Pires e Júlio Fischer – com supervisão de Sílvio de Abreu desde outubro de 2016 – que Sol Nascente passou a chamar mais a atenção de quem assistia, fazendo na reta final os índices de audiência subirem até 27.4 pontos de média, segundo os consolidados da Grande São Paulo na última segunda feira (20/03), recorde até o momento.

Entretanto, sem dizer a que veio e terminando do jeito que começou - sem novidades - “Sol Nascente” se despede sem deixar maiores saudades e com a sensação de que poderia ter feito muito mais do que exibiu. 

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