Por Jean Pierry Oliveira
Coincidência ou não, desde que explodiram casos de machismo e violência de gênero com artistas da Rede Globo ou em programas da emissora, especialmente nos casos envolvendo o ator José Mayer, o cantor e ex-jurado do The Voice Kids Victor Chaves e o participante Marcos Harter, do BBB 17, que as atuais novelas do canal dos Marinhos são protagonizados por mulheres empoderadas ou ainda de fortes personalidades.
Já às 19h30, em “Rock Story”, é
Diana (Alinne Moraes) quem movimenta a trama. Tudo bem, a moça pode não ser um
exemplo de bons costumes, mas é inegável que tem personalidade e é competente
em suas tomadas profissionais. Apesar de emocionalmente desequilibrada por ver
Gui (Vladmir Brichta) com Júlia (Nathália Dill), não consta em seu perfil
abaixar a cabeça para homem nenhum. Nem para o vilão Lázaro (João Vicente de
Castro). Manu (Antônia Moraes) também tem muita personalidade, estilo próprio, é
dona de si e ciente de que seu jeito imperativo incomoda, mas também agrada.
Léo Régis (Rafael Vitti) que o diga.
Mas é em “A Força do Querer” que
reside os maiores exemplos do “Girl Power”. Com oito protagonistas, são as
quatro principais mulheres da história de Glória Perez que sintetizam o enredo
do folhetim. Bibi (Juliana Paes) é uma mulher decidida e apaixonada, que em
nenhum momento teve receio de trocar a solidez de uma relação com Caio (Rodrigo
Lombardi) para ficar com o maître – garçom à época da troca – Rubinho (Emílio
Dantas). Bate de frente com qualquer um(a) e correu atrás do tempo perdido para
voltar a faculdade de Direito também. Já Ritinha (Ísis Valverde) é a espevitada
jovem de Parazinho. Sem medir consequências, fugiu de barco no dia do casamento
com Ruy (Fiuk), deixando Zeca (Marcos Pigossi) inconformado, mente sobre a
paternidade do(a) filho(a) que espera, não aceita imposições que contrariam
seus quereres e mesmo assim, conquista (quase) todos a sua volta.
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Jeiza (Paolla Oliveira): policial, lutadora de MMA e com postura feminista Foto: Divulgação/ TV Globo |
Coincidência ou não, desde que explodiram casos de machismo e violência de gênero com artistas da Rede Globo ou em programas da emissora, especialmente nos casos envolvendo o ator José Mayer, o cantor e ex-jurado do The Voice Kids Victor Chaves e o participante Marcos Harter, do BBB 17, que as atuais novelas do canal dos Marinhos são protagonizados por mulheres empoderadas ou ainda de fortes personalidades.
Com ares feministas ou seguras de
si, não importa o horário em que você sintonizar: elas estarão lá, capítulo por
capítulo. Em “Novo Mundo”, Anna Millman (Isabelle Drummond) é a mocinha que
desafia as normas amorosas e sociais da época imperial do Brasil, com seu amor
pelo simples Joaquim (Chay Suede) e opiniões progressistas. Estudiosa, mesmo
casada, não se curva aos mandos e desmandos dos personagens masculinos sejam
eles seu marido Thomas (Gabriel Braga Nunes) ou Dom Pedro I (Caio Castro). Além
dela, Leopoldina (Letícia Colin) é muito mais do que uma mera figura decorativa
como Imperatriz. A personagem é o verdadeiro apoio de seu instável marido,
ombro amigo de Anna e pulso firme em suas decisões que ajudarão na restauração
da ordem diante da crise no Brasil.
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Ana (Isabelle Drummond) e Leopoldina (Letícia Colin) são decisivas em "Novo Mundo" Foto: TV Globo |
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Diana (Alinne Moraes) em "Rock Story": determinada e com personalidade forte Foto: Divulgação/TV Globo |
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Manu (Antônia Moraes) é a descolada e difícil DJ em "Rock Story" Foto: Reprodução |
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Ritinha (Ísis Valverde) e Bibi (Juliana Paes): duas fortes mulheres em "A Força do Querer" Foto: Divulgação/TV Globo |
Jeiza (Paolla Oliveira) é a destemida
PM e aspirante de MMA, dona do próprio nariz, que não teme a periculosidade do
seu dia a dia e mesmo namorando o chucro e, por vezes, machista Zeca, mostra
seu viés feminista deixando claro que homem nenhum tem direito de falar mais
alto que ela. Por último, Cibele (Bruna Linzmeyer) é a – aparentemente – mais
nova do grupo, mas nem por isso mais frágil. Apesar de abalada pela traição e
abandono do ex-noivo Ruy, a filha de Dantas (Edson Celulari) tem atitude
suficiente para bater de frente com ele, infernizará a vida do ex e não deixará
que tudo fique por isso mesmo, principalmente, ao ter que lidar com os
interesses do pai e demais personagens que relativizam sua dor, em prol de
interesses próprios, na mais clara demonstração de machismo. Isso sem esquecer
que em “Os Dias Eram Assim”, Alice (Sophie Charlotte) e Kátia (Bárbara Reis)
são duas representantes de bravura e resistência diante de toda a repressão que
sofrem – sociais e familiares. Se pegarmos o “Vale a Pena Ver de Novo”, ainda
temos Maria do Carmo (Susana Vieira) e sua força tipicamente nordestina em
busca da filha desaparecida.
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Cibele (Bruna Linzmeyer) foi traída por Ruy e não aceita que dimunuam sua dor Foto: Divulgação/ TV Globo |
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Alice Sampaio (Sophie Charlotte): estudante que resiste a ditadura em "Os Dias Eram Assim" Foto: Globo/Maurício Fidalgo |
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Subversiva, a estudante Kátia(Bárbar Reis) luta pela liberdade em "Os Dias Eram Assim" Foto: Globo/Maurício Fidalgo |
Não se pode afirmar com todas as
letras que essas coincidências – ou não – se dêem pelos personagens masculinos
serem “frouxos” ou sem personalidade, pelo aproveitamento da Rede Globo do
momento vivido atualmente com a iminente e crescente onda dos debates
feministas ou pelos recentes episódios dentro da emissora. Mas o fato é que essa
feliz sucessão de personagens femininas fortes contribui e muito para um novo
olhar e perspectiva sobre o gênero, que afasta os papéis de situações e
contextos rasos e leva ao telespectador boas histórias e representatividade.
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