Jean Pierry Leonardo
07/07/2020
07/07/2020
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Rede Globo passa por transformações significativas. Foto: Divulgação |
Nos últimos meses e semanas diversos nomes de destaque do casting da Rede Globo vêm sendo demitidos da emissora e chamando atenção de público, crítica e até mesmo da concorrência pela relevância e carreiras construídas na emissora. Pessoas do naipe de Vera Fischer, Stênio Garcia, Renato "Didi" Aragão, Miguel Falabella, Zeca Camargo (esse já acertado com a Band), Malvino Salvador, José Loreto, Débora Nascimento, Bianca Bin, José de Abreu, Otaviano Costa além daqueles que já preferiram não renovar como foi o caso de Bruno Gagliasso e Marcos Pigossi, por exemplo, antes do "passaralho". Mas, afinal: o que isso significa? Por quê tantas demissões? Estaria a emissora em crise financeira? Alguns pontos ajudam a explicar esses novos tempos pelas bandas de Curicica:
- Há tempos a emissora carioca já tinha planos de promover uma grande reformulação em sua forma de atuação. Assim, nasceu o projeto "Uma Só Globo", que em outras palavras, unifica os "braços" do conglomerado Grupo Globo. O objetivo é otimizar as ações, cortas gastos, agilizar processos, integrar a companhia e se adequar economicamente e produtivamente aos novos meios;
- Dentro dessa reunificação, atores, jornalistas e demais profissionais sabidamente seriam atingidos, ainda que ao custo de encerrar contratos com alguns dos seus chamados "medalhões". A razão é simples: a época em que se pagava altos salários para pouca produtividade, ou seja, o artista recebe mesmo atuando pouco (ficando mais em casa do que na tela da TV), acabou. Agora a prática é do contrato por obra: você assina, recebe e produz por um trabalho e período em específico (seja numa novela, minissérie, série em TV aberta ou Globo Play). Logo, todos aqueles até aqui dispensados podem perfeitamente retornar à emissora - só que sem longos acordos. Segundo o jornalista Ricardo Feltrin a economia anual pode ser da ordem de R$ 100 milhões com essas saídas;
- Outra questão ainda dentro dessa nova prática da emissora é que a concorrência com as diversas plataformas de streaming existentes faz com que não seja mais favorável para muitos atores ficarem 'presos' em trabalhos apenas na TV - ou em novelas. Daí o interesse por muitos não quererem renovar com a emissora e experimentar novos ares, casos de Bruno Gagliasso, Marcos Pigossi (ambos na Netflix) e Bianca Bin, por exemplo. Novos tempos midiáticos;
- Além de um massivo investimento em sua plataforma de streaming, a Rede Globo apostou financeiramente alto também em seu novo e ultramoderno conjunto de estúdios de gravações MG4, que levou cinco anos para ficar pronto e que teve investimento na casa dos milhões de dólares;
- Não é só os altos salários que vêm sendo cortados. Se a questão é reduzir gastos e custos, há de se ressaltar que também estão sendo enxugados uma série de benefícios como férias, 13º, PLR, planos de saúde etc;
- Dentro desse balaio o Jornalismo não passou batido e também sofreu reveses. A Rádio Globo de São Paulo foi extinta, a do Rio de Janeiro foi totalmente reformulada em conteúdo e programação, e demissões também ocorreram. Nomes como Carla Vilhena, Luís Ernesto Lacombe, Glenda Kozlowski, Cris Dias, Ivan Moré, Mauro Naves, William Waack, Evaristo Costa, Mariana Ferrão, Fernando Rocha entre outros já não dão o ar da graça na emissora. Segundo o colunista Ricardo Feltrin a economia com essas dispensas no Jornalismo pode ter chegado a R$ 20 milhões anuais;
- Tinha uma pandemia no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pandemia. Com o inesperado alastro do COVID-19 pelo mundo e uma crise econômica instalada desde eras pré-coronavírus no Brasil, a Rede Globo - bem como todas as demais emissoras - drasticamente afetadas em suas receitas publicitárias. A queda de arrecadação aliada a retração do mercado e a interrupção de suas novelas inéditas pede cautela e economizar passou a ser a palavra de ordem.
Logo, o que podemos depreender desse momento é que assim como as estações, a Rede Globo encontra-se num momento cíclico e de profundas transformações institucionais. Com ganhos e perdas, o canal busca se reinventar e caminhar integrada aos novos tempos - e público.
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